ETE de Resende Costa está em operação desde março

 Após oito anos de obras, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Resende Costa entrou em operação em meados do último mês de março. Localizada no bairro Mendes, a ETE tem capacidade para tratamento de 19,60 litros por segundo, mas, conforme a COPASA, atualmente são tratados 8,0 litros por segundo, em média, ou seja, 691.200 litros por dia. Seis funcionário da COPASA trabalham diretamente na ETE.

A COPASA já investiu aproximadamente R$ 14.620.000,00 nas obras de implantação do sistema de esgotamento sanitário de Resende Costa. A empresa informou que o cronograma planejado foi cumprido. No entanto, vê-se que ainda falta muito para que a totalidade das obras seja concluída. Falta, por exemplo, a implantação de mais redes coletoras, interceptores e elevatórias. O sistema que entrou em operação no mês de março conta somente com duas elevatórias (sistema de bombeamento do fluxo de esgoto para um nível mais elevado, ou seja, para a ETE) localizadas no bairro Nova Resende e na Estação de Tratamento.

O volume atual de esgoto tratado pela COPASA é coletado nos bairros Nossa Senhora da Penha, Bela Vista, Várzea, Nova Resende, Tijuco, São José, Santo Antônio e parte do Centro, correspondendo a aproximadamente 40% do que é produzido na cidade, ou seja, menos da metade. A COPASA planeja aumentar esse percentual. Para isso, já foram liberados mais recursos orçados em R$ 2.274.000,00 que serão investidos na conclusão das obras. “O processo para licitação das obras encontra-se em andamento. Esses recursos serão investidos na conclusão das obras, possibilitando o tratamento de 100% do esgoto coletado na cidade de Resende Costa”, informou a COPASA.

Uma das dificuldades do projeto inicial é a construção da rede coletora na parte alta da cidade, devido à topografia e rochas em abundância. Com isso, a maioria das residências localizadas no centro ainda não está ligada às redes coletoras. A COPASA informou que há planos para ampliação da rede coletora abrangendo o centro de Resende Costa. “Já existe planejamento para ampliação do atendimento nos locais onde não há prestação do serviço de esgotamento sanitário na sede do município, com previsão de conclusão de mais uma etapa em 2018”.

Cobrança de tarifa

As residências que ainda não estão ligadas à rede coletora e, portanto, não têm o esgoto tratado na ETE, continuam tendo que usar as fossas sépticas ou negras, o que eventualmente gera transtornos aos moradores. Com o passar do tempo, as fossas enchem tornando-se necessário o trabalho de esvaziamento. Até a ETE entrar em operação, esse trabalho era realizado pela Prefeitura Municipal, que disponibilizava um caminhão e funcionários.

A partir de agora, a COPASA assumiu a limpeza e manutenção das redes, porém, somente das residências que já estão ligadas à rede pública. “Nos imóveis com sistema alternativo de esgotamento sanitário, como fossas sépticas e negras, não haverá cobrança de tarifa de esgoto. Porém, a limpeza e manutenção das fossas são de responsabilidade dos moradores ou proprietários”, esclareceu a COPASA.

Portanto, somente os usuários que possuem imóveis conectados à rede pública e contam com a prestação dos serviços de esgotamento sanitário pagarão a tarifa de esgoto. A COPASA alerta que “a redução do consumo de água implica em redução no impacto da tarifa pelo novo serviço”, ou seja, quanto menos água o proprietário de um imóvel gastar, menor será a tarifa de esgoto paga por ele no final do mês.

 

Benefícios ao meio ambiente

Um dos problemas enfrentados pela maioria dos municípios do Brasil é a falta de saneamento básico. Nas grandes e médias cidades é comum ver o esgoto correr a céu aberto, sendo despejado em rios e córregos sem tratamento, colocando em risco a saúde da população.

Em Resende Costa não há rios que passam próximo à cidade, portanto, a água pluvial e o esgoto doméstico, quando não armazenados em fossas, são lançados em pequenos córregos, como o Tijuco - situado poucos metros abaixo da Estação de Tratamento de Esgoto -, ou nas redes pluviais. A Capoeira Nossa Senhora da Penha – área verde de mata nativa localizada no centro da cidade – recebe grande quantidade de esgoto doméstico e água pluvial. Aos poucos, a mata está sendo destruída e as águas que nascem em diversos pontos no interior da Capoeira estão poluídas e impróprias para o consumo.

O esgoto tratado ajuda a evitar a proliferação de inúmeras doenças parasitárias e infecciosas, além de proteger o meio ambiente, conforme alerta a COPASA: “A disposição adequada dos esgotos é essencial para a proteção da saúde pública. Epidemias de febre tifoide, cólera, disenterias, hepatite infecciosa e inúmeros casos de verminoses - algumas das doenças que podem ser transmitidas pela disposição inadequada dos esgotos - são responsáveis por elevados índices de mortalidade em países do terceiro mundo. As crianças são suas vítimas mais frequentes, uma vez que a associação dessas doenças à subnutrição é, geralmente, fatal. A elevação da expectativa de vida e a redução da prevalência das verminoses que, via de regra, não são letais, mas desgastam o ser humano, somente podem ser pretendidas através da correta disposição dos esgotos”.

Quanto à degradação do meio ambiente, a COPASA chama a atenção para os efeitos causados pelo esgoto quando lançado sem tratamento nos córregos e rios: “As substâncias presentes nos esgotos exercem ação deletéria nos corpos de água: a matéria orgânica pode causar a diminuição da concentração de oxigênio dissolvido, provocando a morte de peixes e outros organismos aquáticos, escurecimento da água e exalação de odores desagradáveis”.

 

Tratamento

O esgoto tratado é lançado no Córrego do Tijuco. É interessante perceber a diferença da coloração da água antes e após o processo de tratamento. A água cinzenta e fétida chega clara e sem odor ao córrego que corre poucos metros abaixo dos tanques e reatores. O processo de tratamento é biológico. “A ETE somente acelera um mecanismo que a própria natureza já desenvolveu para descartar as impurezas”, explica um funcionário. A ETE funciona 24h, ininterruptamente.

A população também pode colaborar para otimizar o tratamento do esgoto. É comum os funcionário encontrarem diversos tipos de lixo no esgoto que chega à Estação de Tratamento, como preservativos e absorventes. “É necessário maior conscientização das pessoas no descarte de lixo na rede de esgoto. Precisamos nos educar para o uso consciente do sistema de tratamento do esgoto”, diz um dos funcionários da COPASA.

Indagada sobre o percentual de pureza dos rejeitos de esgoto lançados ao Córrego do Tijuco após o tratamento, a COPASA informou que “o nível de eficiência da ETE na remoção de carga orgânica é de 90%, portanto, superior aos limites estabelecidos pela legislação, que é de remoção mínima de 60% da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e de 70% de remoção da Demanda Química de Oxigênio (DQO)”.

Portanto, pode-se falar em despoluição dos córregos? “Considerando os esgotos domésticos que passam pela Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da COPASA, pode-se falar em despoluição dos córregos, na medida em que remove a carga orgânica e outros compostos que poluem esse manancial. Contudo, temos que atentar para outros possíveis tipos de poluição”, afirmou a COPASA.

 

Transtornos

Desde o início das obras de implantação da rede de esgoto, a população vem se queixando de várias situações que geraram transtornos à cidade. Por exemplo, diversas ruas por onde passa a rede ficaram em péssimas condições, com calçamento desnivelado.

Recentemente, o que tem incomodado a população é o mau cheiro proveniente da rede de esgoto. Os piores relatos são de moradores cidadãos da Rua Entre Rios de Minas, no bairro Várzea. O mau cheiro depois que a rede de esgoto começou a funcionar é sentido por todos que transitam no local. Os moradores falam da situação como sendo “insustentável”. Iremar Basílio fez uso da tribuna livre na sessão ordinária da Câmara Municipal no dia 14 de agosto aumentou e comentou: “Alguns moradores pensam em até sair de suas casas, porque não estão aguentando conviver com o mau cheiro.”

As reclamações já foram repassadas ao escritório central da COPASA, no entanto até o fechamento dessa reportagem, o problema não havia sido solucionado. Edicéia Antônia espera a solução do problema para que possa usufruir de um sistema que em tese é proveitoso: “A gente concorda em pagar a tarifa cobrada para o funcionamento do sistema, desde que exista funcionamento e tratamento adequado, o que não estamos vendo”.

Na mesma reunião do Legislativo, o presidente da Casa, Paulo Daher, se propôs a enviar ofício ao Ministério Público relatando a situação. Ele disse ainda que cobraria do Poder Executivo providências e soluções para os transtornos causados à população do bairro Várzea.

 

  *André Eustáquio e Vanuza Resende - Jornal das Lajes

 

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